A energia nuclear tem sido uma questão importante em Espanha desde a construção das suas primeiras centrais. Embora a opinião pública se tenha tornado mais céptica após os acidentes de Chernobyl e Fukushima, esta continua a ser uma fonte de energia fundamental, representando mais de 20% do total da electricidade gerada no país. No entanto, uma das preocupações mais significativas é a gestão dos resíduos radioactivos, que também gera muita incerteza. Neste artigo iremos nos aprofundar quantas usinas nucleares existem na Espanha, sua distribuição e o futuro planejado para essas plantas.
Quantas centrais nucleares existem em Espanha?
Atualmente, em Espanha existem cinco centrais nucleares ativas espalhadas por todo o território nacional. Essas cinco usinas abrigam um total de sete reatores nucleares. As usinas de Almaraz e Ascó possuem dois reatores cada, enquanto as usinas de Cofrentes, Vandellòs II e Trillo possuem apenas um reator cada. Essas instalações geram aproximadamente 20% da energia elétrica consumida no país.
As centrais nucleares ativas em Espanha são as seguintes:
- Central nuclear de Almaraz: Localizada em Cáceres e fundada em 1983, possui dois reatores nucleares.
- Central nuclear de Ascó: Localizado em Tarragona e em operação desde 1984, possui também dois reatores em operação.
- Central nuclear de Cofrentes: Esta central, localizada na província de Valência, foi inaugurada em 1985 e dispõe de um reator de água fervente.
- Usina nuclear Vandellòs II: Esta instalação, também localizada em Tarragona e em funcionamento desde 1988, possui apenas um reator.
- Central nuclear de Trillo: A usina mais recente, inaugurada em 1988 em Guadalajara, possui um reator nuclear.
Juntas, essas usinas proporcionam uma capacidade instalada de 7.398,77 megawatts (MW) de energia elétrica, sendo essenciais para a segurança energética da península.
Espanha e a energia nuclear: Que centrais já não estão em funcionamento?
Apesar das cinco centrais ativas, a Espanha tem outras instalações nucleares que cessaram as operações. É o caso da usina nuclear Santa Maria de Garona em Burgos, encerrado desde 2017 e em processo de desmantelamento, bem como o José Cabrera (Guadalajara) —conhecida como Zorita— e Vandellos I (Tarragona), que também estão a ser desmantelados. Embora já não gerem electricidade, estas instalações permanecem sob controlo devido a resíduos e materiais radioactivos que devem ser geridos com segurança.
Futuro desmantelamento de centrais nucleares
O desmantelamento de centrais nucleares activas em Espanha não parece ser uma questão de saber se irá acontecer, mas sim de quando. O Governo espanhol estabeleceu um calendário para a cessação de todas as centrais nucleares ativas entre 2027 e 2035. A primeira central a encerrar seria Almaraz I (em 2027) e a última seria Trillo (em 2035). Esse fim de ciclo se deve principalmente a dois fatores: o alto custo para prolongar a vida útil das usinas e preocupações com segurança e gestão de resíduos.
O descomissionamento de uma usina nuclear é um processo complexo e caro que pode levar décadas. Usinas desativadas, como José Cabrera e Vandellòs I, ainda não foram totalmente desmanteladas e estão em período de espera para garantir que as zonas radiológicas se tornem menos perigosas antes do prosseguimento dos trabalhos.
Gestão de resíduos radioativos: um desafio pendente
A gestão dos resíduos radioactivos é, sem dúvida, um dos maiores desafios que Espanha enfrenta actualmente em termos de energia nuclear. Até o momento, um total aproximado de 80.400 metros cúbicos de resíduos radioativos, que incluem resíduos de média e alta atividade. Alguns destes resíduos são altamente perigosos porque podem gerar calor e permanecer ativos durante milhares de anos.
La Empresa Nacional de Resíduos Radioativos (ENRESA) é responsável pela gestão destes resíduos, bem como pela realização de desmantelamentos como o que está em curso na fábrica de Garoña. Os resíduos são armazenados temporariamente no Centro de armazenamento El Cabril em Córdoba, embora este centro tenha capacidade limitada. Por esta razão, a construção de um Armazém Temporário Centralizado (ATC).
O futuro da energia nuclear em Espanha
Apesar dos planos de desmantelamento, as perspectivas para a energia nuclear em Espanha não estão completamente fechadas. O desenvolvimento de um Repositório Geológico Profundo, uma instalação subterrânea com mais de 1.000 metros de profundidade que poderia abrigar com segurança resíduos nucleares por um longo período.
O Conselho de Segurança Nuclear já realizou estudos territoriais para identificar possíveis localizações do armazém, embora as localizações exatas não tenham sido reveladas. Esta solução deverá estar disponível entre 2050 e 2070, o que permitirá um tratamento mais seguro e eficiente dos resíduos radioactivos gerados.
Em suma, as centrais nucleares de Espanha ainda têm uma vida útil pela frente e, embora o seu encerramento pareça inevitável, o debate sobre a energia nuclear e a gestão de resíduos permanece aberto, afetado pela evolução tecnológica e pelas futuras políticas energéticas do país.
A energia nuclear em Espanha continua a desempenhar um papel crucial na produção de electricidade, mas o país prepara-se para um futuro sem ela, onde o seu maior desafio será a correcta gestão dos resíduos radioactivos e o encerramento planeado de centrais.