Matérias-primas críticas: o que são e sua importância para a indústria global
No final de Junho, os ministros da Economia da Alemanha, França e Itália chegaram a um acordo crucial para reforçar a sua colaboração na gestão de matérias-primas críticas. Este acordo visa enfrentar conjuntamente os desafios colocados pelo fornecimento de matérias-primas vitais para o setor industrial. O trio de nações apela à rápida resolução das negociações sobre a Lei Básica das Matérias-Primas na União Europeia e à implementação de metas individuais para a extração, processamento e reciclagem desses materiais.
Este tipo de matérias-primas desempenha um papel essencial na economia moderna, por isso é vital saber o que são, quais são os principais e Que impacto eles têm hoje?. Neste artigo contamos tudo para você.
Quais são as matérias-primas críticas?
As matérias-primas críticas são recursos naturais essenciais que desempenham um papel fundamental na indústria tecnológica e industrial. Elementos como minerais, metais e terras raras são essenciais para a criação de produtos avançados como dispositivos eletrónicos, veículos elétricos, painéis solares ou turbinas eólicas. Isso inclui metais como cobalto e elementos de terras raras, como neodímio, fundamental na fabricação de ímãs poderosos para tecnologias de energia renovável.
O termo “crítica” deriva de dois fatores principais: a Importância econômica destes assuntos e vulnerabilidade em seu fornecimento. A sua escassez, aliada à dependência excessiva de alguns países exportadores, significa que o seu abastecimento está constantemente ameaçado por factores geopolíticos e ambientais, o que poderá ter um impacto devastador na economia global.
O papel da China em matérias-primas críticas
A China controla uma parte significativa do fornecimento global de matérias-primas críticas, especialmente quando se trata de terra rara como disprósio e neodímio. Esta posição dominada pelo gigante asiático tem gerado preocupação nos mercados globais, uma vez que qualquer interrupção no fornecimento poderá afetar indústrias inteiras. Por exemplo, elementos como Lítio, o gálio e o tungstênio, essenciais para baterias e dispositivos de alta tecnologia, são altamente dependentes das exportações chinesas.
Em resposta a esta situação, a União Europeia lançou iniciativas para reduzir a sua dependência da China, incentivando a extracção e processamento local, bem como a reciclagem de matérias-primas críticas. O objetivo é criar uma cadeia de abastecimento mais resiliente na Europa que garanta a sua estabilidade económica e permita avançar na transição para a descarbonização.
Matérias-primas críticas na União Europeia
Embora o petróleo e o gás tenham sido historicamente materiais vitais, transição de energia rumo a tecnologias mais limpas aumentou a importância de matérias-primas críticas. Em 2020, a Comissão Europeia incluiu formalmente cerca de 30 materiais na lista de matérias-primas críticas, triplicando o número desde 2011.
Liderados por elementos como Lítio e o grafite, estes materiais são essenciais para a criação de baterias e veículos elétricos, e a sua disponibilidade será fundamental para cumprir as metas de emissões líquidas zero em toda a região. A Comissão Europeia lançou uma consulta pública sobre a Lei Europeia das Matérias-Primas Críticas, que visa incentivar a extração responsável na UE e garantir a continuidade do fornecimento.
Dependência e desafios geopolíticos
O domínio da China não é o único desafio que a Europa enfrenta. Outros países produtores importantes, como República Democrática do Congo (que abriga as maiores reservas de cobalto mundo) e a Rússia, também desempenham papéis importantes no fornecimento global de matérias-primas essenciais.
A crescente procura de electrificação e descarbonização está a conduzir a uma corrida mundial entre as economias mais fortes para garantir uma parte do fornecimento destes materiais. Embora alguns países europeus, especialmente Espanha, tenham evidências de depósitos de diversas matérias-primas críticas, muitas delas não estão a ser exploradas devido à oposição social e os riscos ambientais envolvidos na mineração. Esta falta de exploração aumenta as preocupações sobre o abastecimento futuro.
Matérias-primas estratégicas e América Latina
A América Latina figura com destaque no produção de matérias-primas, particularmente lítio. A região abriga o conhecido triângulo de lítio (localizada entre Chile, Bolívia e Argentina), que representa mais de 75% das reservas globais deste mineral. Neste contexto, o papel da América Latina no abastecimento global é crucial para o transição de energia.
No entanto, a exploração destes recursos coloca desafios sociais e ambientais significativo. Países como Peru e Chile são fundamentais na produção de cobre, outro material essencial para a eletrificação. Mas a falta de investigação e desenvolvimento em muitos destes países é um indicador preocupante, uma vez que a exploração sem uma gestão adequada não contribuirá para o desenvolvimento sustentável das economias locais.
Possível formação de um OPEM: Irão as nações ricas em minerais unir-se?
Uma questão que tem surgido repetidamente é a possibilidade de uma Organização dos Países Exportadores de Metal (OPEM), semelhante ao que a OPEP representa para o petróleo bruto. Países como a China, a República Democrática do Congo, a Austrália e a África do Sul poderiam formar um bloco que controlaria o fornecimento de metais críticos, capitalizando a procura global.
Embora isto pudesse estabilizar os preços para os países produtores, as consequências para os países importadores seriam devastadoras. A Europa, o Japão, a Coreia do Sul e várias outras economias desenvolvidas sofreriam custos crescentes e perturbações nas suas cadeias de abastecimento. Isto levanta questões sobre como eles devem gerenciar seus relações diplomáticas com estas nações ricas em minerais para evitar a formação de um possível cartel.
Impacto ambiental e justiça global
A crescente procura de matérias-primas críticas não está apenas a impulsionar a transformação energética global, mas também a criar uma pressão ambiental e social sem precedentes sobre os países produtores. A extração de minerais como cobalto, lítio e níquel acarreta um alto custo ambiental, desde desmatamento massivo à contaminação de fontes de água.
Por outro lado, as más condições de trabalho e as violações dos direitos humanos em regiões como a República Democrática do Congo são uma lembrança alarmante das contradições do transição de energia. O desafio para os países desenvolvidos será encontrar um equilíbrio entre mineração sustentável, justiça social e transição energética.
La mineração urbana é uma alternativa que ganha terreno na Europa, com a recuperação de metais valiosos provenientes de dispositivos eletrónicos descartados. A reciclagem, combinada com a mineração urbana, pode reduzir a extração primária e aliviar a pressão sobre os países produtores, ao mesmo tempo que avança para uma economia mais circular.
Não há dúvida de que a importância das matérias-primas críticas continuará a crescer nos próximos anos, e as decisões que os países tomarem hoje determinarão o sucesso ou o fracasso da transição energética global.